RÁDIO DESPERTAI
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MENSAGEM PARA DESPERTAR
A   C E I A    D E    C R I S T O

Aos irmãos das igrejas cristãs, desejamos saúde e paz para todos. Que Deus, o pai do Senhor Jesus, nos alegre dando-nos a cada dia, o poção de esperança. Escrevo para falarmos um pouco sobre a Ceia do Senhor, uma vez que surgem muitas dúvidas entre os irmãos, pensando alguns que, por participarem da Ceia da igreja, ou não participarem, eles estariam ou não recebendo a graça e o favor de Cristo.

Paulo, ao escrever aos Coríntios, trata da Ceia do Senhor, no capítulo 11, da primeira carta. A instrução começa no versículo 17, ao que parece, com o Apóstolo chamando a atenção daquela igreja, pela má qualidade das ceias que faziam. “Não vos louvo, porque vos ajuntais não para melhor, mas para pior”, afirmou. Havia dissensões e desentendimentos entre aqueles crentes, fazendo da Ceia do Senhor uma vergonha para Cristo.

Não são poucas as igrejas cristãs da atualidade, onde se observa o mesmo espírito de desentendimento, de inveja e de futilidades. É comum que essas disputas acabem indo parar na Ceia, tornando-a indigna do Senhor. Nesse sentido, deve haver um esforço por parte do pastor da igreja e de seus auxiliares, presbíteros, diáconos e outros, para que as desarmonias sejam minimizadas e, se possível, extintas. A Palavra de Deus é clara ao afirmar que a igreja é um ambiente de amor, de compaixão, de misericórdia, de perdão, de conversas idôneas, de alegria saudável e de esperança. Não é ambiente para conversas fúteis ou da vida mundana.

Há quem tenha feito da Ceia do Senhor, um ritual de práticas exteriores, cheio de regras e de normativas desnecessárias. Aos moldes das antigas práticas, anterior ao período da Reforma, distribui-se vinho (ou suco de uvas), além de pedaços de pão (com ou sem fermento), para se consolidar o que pensam ser o ato de “tomar a ceia”. Acredita-se que o pão e o vinho (ou suco) servidos nessas ocasiões, adquirem um poder especial para salvar ou condenar o crente; para dar-lhe ou retirar-lhe a graça de Deus, cujo significado, sempre quis dizer: é de graça. Ora, se os favores de Deus dependem de alguma coisa desse mundo, ou que seja feita nesse mundo, já não é mais graça.

Para o bem das igrejas cristãs, a Ceia do Senhor precisa ser destituída de seus rituais exteriores. Não é aconselhável estimular em nossos irmãos crentes, os costumes atávicos das práticas exteriores (que são as obras). Temos uma história de séculos de costumes ligados aos rituais do judaísmo e do paganismo. E, não convém alimentar esse espírito nas igrejas evangélicas. Ele leva ao espírito do formalismo, que afasta o novo homem que se pretende construir no coração da irmandade.

Que a Ceia do Senhor não seja apenas uma festinha que se faz na igreja. Não se vai à Ceia para comer, mas para tomar com honra o sangue de Cristo e comer do seu corpo. Evidente que não falamos aqui de um sangue como o que corre em nossas veias; nem nos referimos a um corpo carnal, mas falamos do Novo Testamento e da Igreja. A Ceia do Senhor é a reunião da igreja para comemorar Cristo, lembrar do amor sacrifical, que é o Novo Testamento, e da Igreja como um todo, que é o Corpo de Jesus. O fim é espiritual, irmãos. E não carnal. E nisso, na vivência da Ceia do Senhor, segundo os preceitos de Paulo, há um compromisso de todos, pastores, crentes e membros, de honrarmos o Filho de Deus.
Paulo fala de dois tipos de ceia: Sua Ceia e a Ceia do Senhor. No versículo 21, ele deixa claro que a Sua Ceia é apenas o ato de comer as comidas que naturalmente os irmãos trazem para cear. E, para deixar claro que a Ceia de Cristo não é uma festa de comilanças, diz: “porventura não tendes casa para comer e beber?” Ora, está claro que não podemos ir à Ceia para comer ou beber, mas para uma coisa melhor. O Apóstolo afirma que os que desonram o Senhor, se assemelham ao Judas que o traiu. Mas o que seria, então, a Ceia do Senhor, uma vez que a nossa ceia foi resumida em comer comidas?

No versículo 24, o Apóstolo relembra a passagem em que Cristo, durante a Ceia, disse: “Tomai, comei; isso é o meu corpo que é partido por vós; fazei isso em memória de mim”. Pegue o pão, coma e reparta entre vós, disse Jesus. Lembre-se de mim. Como podemos entender? O que é o pão, a não ser a nossa vida terrena, os nossos bens? Desfrutai do que tendes, reparta com teu irmão nas suas necessidades. Eis o ensinamento de vida em comunidade. A Igreja é uma comunidade de irmãos, onde impreterivelmente, uns precisam se interessar pela vida dos outros, tanto no sentido material, quanto espiritual. Na Ceia, é preciso conversar uns com os outros, para sabermos da vida do nosso irmão e da nossa irmã; para ver se não podemos com os nossos bens (que na verdade são bens de Deus), ajudá-los em suas necessidades. A questão não é apenas material, mas, seu ponto alto, é o interessar-se pela vida do teu próximo. Isso é o repartir. É participar do corpo, é comer da carne do Filho de Deus. Não se pode entender a igreja se não for por meio de uma vida participativa de seus membros, em relação a eles mesmos.

Paulo continua, dizendo que o Senhor tomou cálice de vinho e disse: “Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isso todas as vezes que beberdes em memória de mim”. Quando reunidos beberem em meu nome, lembrem-se do meu sangue, que é o Novo Testamento. Ora, a Nova Aliança resume leis e profetas na prática do amor a Deus e ao próximo. Se nos reunimos na igreja para a Ceia do Senhor não podemos tratar dos profetas, nem das coisas velhas, mas exclusivamente de Cristo e de seus Apóstolos, lembrando, a todo instante, do amor com que cuidaram uns dos outros e de como enfrentaram as dificuldades para anunciar o Evangelho do Reino.

Compreende-se, assim, que a Ceia do Senhor é, em verdade, uma reunião para se conviver entre irmãos. E, se é para os irmãos, não deve ser aberta aos que ainda não tenham alcançado a condição de membro da comunidade. É dever do pastor e dos que o ajudam na administração, tratarem da Ceia do Senhor, de maneira que dela participem apenas seus membros efetivos. O que mais podemos fazer na Ceia do Senhor? O versículo 28, diz que devemos examinar a nós mesmos, para ver se temos vivido em amor; se estamos sendo dignos do Corpo e do Sangue de Cristo. A Ceia é momento de reflexão. Quem descuida do amor ao próximo, do amor aos irmãos, está bebendo e comendo para a condenação. E, essa é a causa, nos diz a Palavra, de haver na igreja irmãos fracos, doentes e adormecidos na fé.

Como podemos organizar a Ceia do Senhor, com bom aproveitamento? Bem, em primeiro lugar, devemos respeitar a liberdade dos irmãos; dos pastores, presbíteros e administradores, em organizarem a Ceia de cada igreja. Que façam de acordo com suas concepções, pois a ninguém se pretende impor coisa alguma. Mas, que se tomem cuidado para não banalizarmos a Ceia, tornando-a uma festinha, ou acontecimento rodeado de formalismos. O que não pode faltar na Ceia? A Palavra de Deus, pregada pelo pastor; profecia, orações coletivas e individuais; bênçãos e aconselhamentos. Finalmente, todos comem algum salgado, bebem um suco, ou refrigerante. E vamos para casa. Que Deus nos ajude a todos. AMÉM.